Evento oficial

Geoparques Quarta Colônia e Caçapava se preparam para viagem ao Marrocos

Geoparques Quarta Colônia e Caçapava se preparam para viagem ao Marrocos

Foto: Nathália Schneider (Diário)


Em 24 de maio de 2023, os geoparques da Quarta Colônia e de Caçapava do Sul foram reconhecidos pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e passaram a integrar a Rede Mundial de Geoparques (GGN). A cerimônia oficial dos novos geoparques ocorre de 6 a 10 de setembro, em Marrakech, no Marrocos. As comitivas dos dois locais já estão nos últimos preparativos para receber a certificação oficial, junto com outros 16 novos geoparques. Com o reconhecimento, o Brasil passa a abrigar cinco geoparques, e o Rio Grande do Sul passa a ter três. 


O sentimento dos representantes é de altas expectativas e de orgulho por apresentar uma parte da região central do Estado em nível internacional. A comitiva dos dois geoparques vai contar com representantes dos municípios, do RS, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e da Universidade Federal do Pampa (Unipampa).


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Em dezembro de 2022, em uma reunião da Unesco, os geoparques Quarta Colônia e Caçapava receberam sinal verde. Os relatórios foram realizados pelos avaliadores Ángel Hernandéz (Espanha) e Helga Chulepin (Uruguai), que participaram da missão na Quarta Colônia, e de Antonino Matencio (Espanha) e Mahito Watabane (Japão), avaliadores do geoparque Caçapava. Os documentos resultaram na indicação positiva e recomendação de aprovação de ambos territórios como geoparques mundiais.


Preparativos Quarta Colônia

Foto: Nathália Schneider (Diário)

O Geoparque Quarta Colônia é composto por nove municípios: Agudo, Dona Francisca, Faxinal do Soturno, Nova Palma, Ivorá, São João do Polêsine, Pinhal Grande, Restinga Sêca e Silveira Martins. Desde a aprovação, os prefeitos da região, em parceria com a UFSM, já começaram a preparar os trabalhos que serão mostrados em Marrakech e organizar os planos para a viagem.


O prefeito de São João do Polêsine e o presidente do Consórcio de Desenvolvimento Sustentável da Quarta Colônia (Condesus), Matione Sonego (MDB), afirma que está praticamente tudo organizado:


– O evento ocorre de 6 a 10 de setembro, vamos ficar lá até dia 11. Na última noite, tem a cerimônia de confraternização e de inclusão aos novos geoparques mundiais. Um momento solene de certificação aos novos geoparques, quando vamos receber o nosso. Também vamos ter um espaço onde vamos levar alguns trabalhos para serem expostos.


A comitiva da Quarta Colônia vai ser composta pelo presidente do Condesus; o prefeito de Faxinal do Soturno, Clovis Alberto Montagner (PP); quatro representantes da Pró-Reitoria de Extensão da UFSM; o deputado estadual Valdeci Oliveira (PT); o secretário de Turismo do Estado, Vilson Covatti; a deputada estadual Silvana Covatti (PP), que é participante da Comissão de Economia, Desenvolvimento Sustentável e do Turismo da Assembleia Legislativa do RS; o secretário estadual de Assistência Social, Beto Fantinel (MDB); dois representantes da Federação das Associações de Municípios do RS (Famurs); além de estarem esperando a confirmação da presença do governador do Estado Eduardo Leite (PSDB).


Em relação aos prefeitos dos outros municípios da Quarta Colônia, Sonego comenta que foi solicitado recursos federais e estaduais para todas as cidades terem representantes, mas não conseguiram as verbas. Ele reforça que o Geoparque Quarta Colônia será muito bem representado e a comitiva terá como objetivo levar a cultura e os saberes dos nove municípios para o evento.


– As expectativas são as melhores possíveis. Não pela ida, mas pelo momento que vamos estar lá com todos os geoparques mundiais, mais de 50 países representados e os novos. Fazer parte dessa grande rede mundial de geoparques mostra que somos um território que tem algo único no mundo, um patrimônio histórico e cultural inigualável – conta Sonego.



Preparativos Caçapava do Sul

Foto: Nathália Schneider (Diário)


O Geoparque Caçapava abrange todo o território de Caçapava do Sul. A iniciativa surgiu a partir do desenvolvimento de atividades relacionadas ao potencial de geodiversidade da cidade, de comercialização de produtos locais e da realização de pesquisas científicas. Em 2013, foi proposto para a prefeitura que o município adotasse o título de "Capital Gaúcha da Biodiversidade", o que ocorreu dois anos depois por meio da aprovação da Assembleia Legislativa do RS.


Em Caçapava, são 22 geossítios. Dentre os mais conhecidos, estão Pedras das Guaritas, Minas do Camaquã, Cascata do Salso e Serra do Segredo. Além da valorização do patrimônio geológico, os geoprodutos representam a identidade do território, que englobam uma variedade de mercadorias ligadas ao artesanato e gastronomia, por exemplo. 


Para o prefeito do município, Giovani Amestoy da Silva (PDT), a viagem vai ser um período de emoção, gratidão e de reconhecimento pelo trabalho coletivo que já vem sendo construído há anos pela localidade:


– É um projeto que desenvolvemos com toda a comunidade caçapavana, setor público, iniciativa privada e instituições, que se mobilizaram ao longo dos anos para tornar essa conquista possível – descreve o prefeito de Caçapava do Sul.


A comitiva, além de Giovani e dos representantes estaduais já citados, vai ser composta por integrantes da Unipampa; pelo professor da UFSM e coordenador científico do Geoparque Caçapava, André Borba; e pelo secretário de Cultura e Turismo do município, Stener Camargo.  O município está preparando materiais para serem apresentados junto com o Geoparque Quarta Colônia, além dos trabalhos científicos da UFSM.



Rota de viagem

A rota de viagem não vai parar em Marrocos. Após a certificação, o prefeito de São João do Polêsine relata que uma parte da comitiva vai seguir para a Espanha e depois para Portugal. O convite para conhecer o Geoparque do Maestrazgo, em Teruel, na Espanha, partiu do avaliador Ángel Hernandéz, que também indicou o Geoparque Arouca, em Portugal. Toda a visita técnica está sendo organizada pelos representantes da UFSM.  


A troca de conhecimento com outros geoparques espalhados pelo mundo faz parte das obrigações da Unesco para a manutenção do selo, por isso, o convite de Ángel foi aceito de prontidão pela comitiva. Conforme a pró-reitora Adjunta de Extensão da UFSM e diretora do Quarta Colônia Geoparque Mundial da Unesco, Jaciele Sell, a troca de experiências vai servir para aprender sobre as práticas de territórios similares e também conhecer as dificuldades de geoparques mais experientes.


– Visitaremos o Geoparque Maestrazgo, em Teruel, na Espanha, que tem na Paleontologia seu diferencial. Foi um dos primeiros geoparques mundiais, e temos muito em comum com eles. Além de reuniões com a equipe técnica, conhecer a cultura e os geossítios do Geoparque, visitaremos o Dinópolis, um parque temático sobre dinossauros e paleontologia que existe no território.


Já no Geoparque Arouca, a pró-reitora conta que vão visitar escolas, geossítios e centros interpretativos. Ainda em Portugal, na cidade do Porto, vão conhecer outros centros interpretativos e museus, em busca de referências técnicas e ferramentas de interpretação patrimonial para o futuro museu do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica (Cappa/UFSM) e também para o Centro Interpretativo do Geoparque Caçapava.


Foto: Nathália Schneider (Diário)


Para o coordenador científico do Geoparque Caçapava do Sul, André Borba, os dois geoparques europeus são exemplos bem-sucedidos na conservação, educação e turismo sustentável:


– De minha parte, uma das maiores expectativas é a de conhecer os espaços interpretativos ou museus interativos desses geoparques, pois uma das demandas que temos em Caçapava é a construção de um espaço interpretativo, destinado a acolher, informar e sensibilizar as pessoas que visitam o território e que, ao mesmo tempo, atue como um importante elemento da educação no município.


Quarta Colônia

  • Formado por nove municípios: Agudo, Dona Francisca, Faxinal do Soturno, Ivorá, Nova Palma, Pinhal Grande, Restinga Seca, São João do Polêsine e Silveira Martins
  • A beleza natural das paisagens, a abundância de água dos rios e cascatas, a raridade dos fósseis encontrados que testemunham as mudanças ambientais do planeta nos últimos 250 milhões de anos e a diversidade cultural que resulta dos povos nativos e estrangeiros, formam um conjunto de características singulares deste território
  •  Segundo a coordenação do geoparque, são quase 15 anos de trabalho junto aos municípios. Foram realizados cerca de 90 projetos de Extensão da UFSM para moradores da Quarta Colônia com o objetivo de incentivar o sentimento de pertencimento e a geração de renda
  • O Geoparque Quarta Colônia conta com 31 geossítios de valor geopatrimonial regional até internacional dividido em diferentes categorias como valor fossilífero e fluvial
  • Além disso, conta com 23 geossítios ligados a outras formas de valor patrimonial, sendo de valor ecológico, cênico, histórico-cultural e/ou arqueológico


Caçapava do Sul

  • Na cidade, tem rochas de 600 milhões de anos. A bacia do Camaquã tem um interesse mundial não só à ciência e à educação, mas também pelas paisagens
  • Um dos pontos turísticos mais conhecidos é a “Pedra do Segredo”, que é uma montanha rochosa famosa por suas cavidades e grutas
  • Caçapava possui 22 geossítios catalogados. A cidade, especialmente a região das Guaritas, apresenta sucessões de rochas sedimentares marinhas e continentais. Há, ainda, espécies vegetais raras e endêmicas do bioma pampa, além de comunidades humanas tradicionais, como indígenas, quilombolas e pecuaristas familiares. A região também apresenta a maior biodiversidade de cactos da América Latina. Dos 62 tipos catalogados, 29 são encontrados em Caçapava do Sul

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